Foi assim que aconteceu: a saia ... (2)

Ainda não tinha usado esta saia este ano. Uma das peças favoritas que tenho no meu armário. Uma saia que foi da minha mãe e que terá seguramente mais de 25 anos. A minha mãe foi-me dando várias saias dela deste género, plissadas, com pregas, um pouco mais curtas, um pouco mais compridas, com mais ou menos cor e eu gosto de todas elas mas esta é das que mais gosto. Talvez por ter bolinhas.
Eu tenho uma relação especial com bolas e riscas. É inegável. Não deixa de ser curioso porque a minha mãe passou a minha adolescência (e provavelmente infância) a tentar vestir-me com riscas e a ter sempre a mesma resposta: não sou marinheira!! E a única explicação que encontro é que agora visto todas as riscas que não vesti em metade da minha vida. Simples.
O que muitas vezes não me parece tão simples é conseguir sair da minha farda oficial do dia a dia. Mas compensa. Ontem vesti um vestido colorido e logo que me viu o Manuel olhou para mim com uma expressão que posso jurar que era de surpresa e disse-me: Mãe, tá linda!! A sério, se o André não estivesse ao lado eu própria não teria acreditado que o meu filho de 2 anos repara no que eu visto e que pior (ou melhor) se surpreende por eu sair da minha "farda oficial" da ganga e t-shirt.

Esta coisa de escolhermos o que vestir de manhã tem muito que se lhe diga porque na verdade, seja qual for a roupa que tiramos do armário, passamos uma mensagem. Calças amachucadas e chinelos - não me chateiem. Calças de ganga, t-shirt e sapato raso - não me preocupo. Camisa de seda, calça de tecido e salto alto - sinto-me confiante. Vestido vintage e sapatos de salto largo, gosto de ser diferente. E claro que podia continuar quase infinitamente. Mas a roupa e o que vestimos é sempre uma forma de comunicação porque é a forma que nós escolhemos para nos mostrarmos ao mundo nesse dia.
E depois claro, há as pessoas que ficam bem com qualquer coisa em cima. Sem nenhum esforço (aparente). Há uns tempos atrás li uma entrevista de uma editora da Vogue Francesa, a quem perguntavam qual era o pior erro de moda e ela respondia: a ostentação e a vaidade. E eu partilho esta opinião. Há lá coisa melhor do que nos sentirmos bem e confortáveis com aquilo que vestimos? *fotografias Luísa Spínola