Lá ao longe...

13.4.21

A poucos dias de fazer 44 anos tenho dado por mim, ultimamente, a relembrar tantas coisas da minha infância. Do ser filha, quando ainda não era mãe. Acho que esta transição foi para mim, um dos maiores desafios que já enfrentei. Não por ser difícil ser mãe mas porque eu era tão cheia de certezas enquanto filha, porque achava que tinha as respostas todas e sabia exatamente onde é que a minha mãe tinha errado e como deveria ter antes feito. Que ignorante que fui e que presunçosa também. 
Lembro-me de olhar os meus pais (com a idade que tenho agora) e de os achar pessoas adultas, aqueles que guiavam o caminho, que sabiam distinguir o certo do errado, que tinham respostas e que tinham o poder sobre tudo o que nos rodeava. Hoje, olho para mim e sinto-me ainda uma miúda, tantas vezes a driblar responsabilidades na tentativa - muitas vezes falhada - de as alinhar e encestar nos sítios corretos. 

O meu pai telefonou-me um destes dias a dizer-me que nem sabia para onde tinha voado o tempo mas que queria dizer-me para aproveitar muito os 40 porque guarda as melhores memórias dessa altura. Mas que passam a correr. 

Pois passa tudo isto, a uma velocidade tão grande que só nos apercebemos disso quando já lá está atrás. E eu quero viver um bocadinho mais devagar mas os dias são tão rápidos que às vezes não consigo lidar com esta vida a diferentes velocidades e sinto que não chego a todos os lados sendo que o lado onde nunca quero falhar é o dos meus filhos. Nem da minha família. Nem dos meus amigos que são família. 

E para não falhar às vezes penso que o melhor é fechar os olhos e deixar que o leme se guie sozinho por um bocadinho, para ver para onde vai a corrente que espero que para águas calmas.

Vamos a isso 44, a dar o melhor de mim e a esperar que a vida retribua. 

Ultimamente, por aqui...

12.4.21

Ultimamente por aqui, não tenho conseguido regressar ao blog como tinha planeado. Por um ou por outro motivo que não são realmente justificação para que não consiga encontrar uns minutos para deixar aqui um post como queria.
Este último ano desculpa um bocadinho esta ausência com todas as idas e regressos entre Lisboa e Funchal à conta da pandemia. Por um lado sinto que tivemos a maior sorte do mundo por poder passar juntos no Funchal estes meses de incerteza. Quase como numa bolha de segurança com o cenário perfeito. Mas por outro sinto que esta incerteza, a falta dos amigos e da rotina - e daquela sensação tão boa de normalidade - os tem vindo a marcar muito e não sei nem como nem até quando. 


No Funchal, neste último confinamento dediquei-me a tricotar meias algo que nunca pensei que fosse conseguir fazer. Adoro tricotar mas não me tenho por uma tricotadora exímia nem nada que se assemelhe a isso. E as meias estavam sempre a um nível que me parecia inatingível porque não estava a conseguir visualizar a sua construção. Até que percebi que era exatamente isso que me faltava: perceber como eram feitas. A partir do momento em que o percebi desatei a fazê-las. Fiz para mim e para o André como presente do dia do Pai e ele adorou ou que me encheu de orgulho.


Os miúdos estão em idades cada vez mais engraçadas porque vão demonstrando as suas personalidades e já são companheiros em muitas coisas. Claro que continuam a ser crianças e brigam muito, riem muito, choram e conversam. Chama-se a isto infância não é?
Às vezes tento regressar à minha infância para os compreender melhor. Sobretudo ao Manuel em quem vejo muito de mim e quero muito ajudá-lo a não passar por algumas das angústias que me lembro de ter sentido. Ao mesmo tempo que quero ajudar sinto que muitas vezes estou só a desajudar. A maternidade é um caminho e às vezes tem muitas curvas e estradas cortadas....


Pedem-nos - especialmente a Isabel - um cão para termos "na casa da lisboa", pedido a que temos sempre conseguido escapar-nos. Mas derreto de cada vez que a vejo nesta relação cúmplice com a Mia. Todos eles tiveram sempre um carinho enorme pela Mia e pela Eva (que já partiu) mas a Isabel tem uma cumplicidade, um carinho sem pressa de quem desfruta o momento.



A nossa cozinha em Lisboa foi um espaço pensado para estarmos todos juntos em família e com amigos. Gostamos de ajudar nas refeições e a pôr a mesa, de conversar enquanto um cozinha. Habitualmente ao som de música passamos aqui muito tempo e não sei porquê mas olhar para ela deixa-me feliz. Talvez por a associar a tantos momentos felizes.
No ano passado aproveitei um apoio da Câmara Municipal de Lisboa (entretanto abriram novas candidaturas) e comprei uma bicicleta eléctrica. Gosto muito de não andar de carro e sempre preferi a possibilidade de andar a pé ou de transportes em especial o metro. Com a pandemia essa opção deixou de ser tão boa e passei a andar nas bicicletas da CML mas nem sempre conseguia uma nas estações perto de casa e por isso acabei por aproveitar a oportunidade do apoio e foi uma decisão maravilhosa. Andar de bicicleta tem quase um efeito terapêutico.



Como muitas crianças os rapazes aqui de casa andam viciados nos skates e o Manuel aproveita todas as saídas para praticar os seus truques.


O Joaquim está a aprender a ler e apesar de ser o mais enérgico dos três é também o que melhor se concentra quando chega a altura de trabalhar. Quer chegar a casa e fazer logo todos os trabalhos - bem feitos - e está a adorar esta descoberta da leitura. Lê os rótulos das embalagens e tudo, sempre curioso.

E assim estamos nós, por aqui. Espero que desse lado - se é que alguém ainda visita blogs - também estejam bem. Com saúde e força para continuar este caminho.

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