Memória futura

24.11.15
Não, não tenho a ambição utópica de que me vou conseguir lembrar de todos estes pequenos momentos que preenchem os meus dias e me enchem o coração. Se na maioria das vezes que escondo as coisas (os presentes ou a chave do cofre por exemplo...) esqueço-me onde as coloquei. Enfim. Dizem-me que é o cérebro da maternidade e que acontece a todas. Eu sei que não mas conforta-me acreditar que sim.
Mas estas idades destes dois são tão boas e todos os dias há coisas novas que quero fechá-las hermeticamente para as voltar a abrir daqui a uns anos. 
Todas as noites, já com eles na cama, lemos uma história que escolhem. O Joaquim fica pendurado no berço e o Manuel quer sempre sair da cama para ver as imagens. Um dos livros que é escolhido noite sim noite não é este que foi oferta num destes Natais da nossa querida amiga Catarina. É uma história enternecedora que tem tido seguimento nas nossas conversas diárias no carro e no outro dia a conversarmos sobre o livro no carro eu lembrava ao Manuel que gostava dele daqui até à lua e de volta à terra. Fez-se um silêncio e ele respondeu-me, Mãe, mas eu gosto de ti, daqui até ao sol e de volta. E a mim só me apetecia baixar os vidros do carro e gritar, Ouviram, ouviram o que o meu filho disse?!
O Joaquim que tem provavelmente a mais concentrada carga enérgica que alguma vez pensei poder ser possível num corpo de criança, às vezes tem estes momentos de ternura em que só fazer as coisas sentindo o nosso toque. E depois sorri envergonhado, esconde a cara para a voltar a mostrar dando beijinhos e abraços. 
Num destes dias, num dia de semana com a correria habitual das manhãs o Manuel disse-me que queria panquecas e eu disse que não podia ser, que tínhamos que deixar para o fim de semana e ele ficou ofendidíssimo e informou-me imediatamente, Estou triste mãe, ouviste? Agora estou triste para sempre!
O mesmo menino que me anunciou que no Carnaval quer ser o Sonic. E eu pensei, Não sou capaz. Procurei uns fatos na Amazon, mostrei ao André que me disse que sim senhor mas que aquilo eram fatos para as outras pessoas. Não eram fatos "às nossas pessoas". (não sei se sinto orgulho?). Ainda sem grandes certezas disse ao Manuel que era um fato muito difícil que não sabia se conseguia fazer e ele disse-me que não havia problema que eu conseguia de certeza e que se não conseguisse que o pai podia ajudar. 
E eu claro, estou agora muito mais descansada porque não faço ideia como vou conseguir fazer um Sonic mas sei que o André me vai poder orientar.

2 comments:

  1. Também quero guardar para mim momentos desses. Escrevo cartas às minhas filhas desde que estavam na barriga, escrevo notas no telefone com coisas engraçadas que dizem, escrevo post-its com coisas importantes, escrevo no blogue... só não quero perder aquilo que elas me dão e quero que elas saibam o quanto o importante são, foram e sempre serão. :-)

    ReplyDelete
  2. Esse livro da lebre é tão lindo! Tb o lemos muitas vezes.

    ReplyDelete

Obrigada pelo seu comentário!

AddThis